quarta-feira, novembro 21, 2007

Velha infância*


Pierre Pratt

Como tornámos público, há uma (grande) parte de nós que se recusa a abandonar a infância. Aliás, nem sabemos muito bem que coisa seja essa de abandonar a infância. Está claro que pagamos as nossas despesas, gerimos casas, criamos filhos, saímos à noite, tudo coisas que não se faz quando se é criança. Mas tudo isso nos parecem pormenores técnicos, capacidades que a idade, os estudos, a experiência e o tamanho nos trouxeram. Quando procuramos o nosso centro, ele não está longe da vivência infantil. Continuamos a acreditar na plasticidade de um mundo que está mesmo a pedir que brinquemos com ele e a sentir uma curiosidade quase incoveniente por tudo o que nos rodeia. A escolha das nossas profissões não esteve com certeza longe da necessidade de satisfação destes impulsos. Nas próximas vidas, não nos importávamos de ser ilustradoras ou fotógrafas. Quem sabe ainda nesta. Também continuamos a ter uma fé quase ingénua no que a vida tem para nos dar.

P.S. - Se calhar é nos "quases" que nos fica a maturidade

*Roubado aos Tribalistas

Putos de quem gostamos (assim o que nos vem neste momento à cabeça, não desfazendo)
Pierre Pratt (ilustração)
João Vaz de Carvalho (ilustração)
Jorge Colombo (pluridisciplinar)
Adriana Calcanhotto (música)
Jim Henson (animação)
Jacques Prévert (escrita)
Eça de Queiroz (escrita)
Cartier-Bresson (fotografia)
Daniel Blaufuks (fotografia)

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