Consoada
Estávamos de novo reunidos. O Natal brindara-nos este ano com um frio a valer, cobrindo de geada o dia que começara cedo. Agora, mesa já posta, ninguém arredava pé da sala. Nozes, passas, pinhões, figos e avelãs iam sendo deglutidos, na espera gulosa pelo bacalhau. À sua chegada, todos ocuparam os lugares, numa solenidade espontânea. As altas postas, a couve portuguesa, os ovos cozidos, a batata, iam sendo apreciados em silêncio. Já o peru, opulento e divertido, instalou a boa disposição enquanto os homens se debatiam na difícil tarefa de o trinchar. Os brindes pelo menino começavam quando um ananás da Madeira invadiu a sala com o seu perfume. Lá fora, a igreja chamava para o Missa do Galo. Mais tarde, vinho quente, rabanadas douradas e prendas encheriam a noite de ainda mais Natal.
Boas Festas!